terça-feira, 22 de maio de 2012

ESTIMATIVA DA UTILIZAÇÃO DE QUETAMINA POR VIA ORAL EM CÃES.


Antônio Soares do NASCIMENTO JÚNIOR¹; Elton Brito EVERTON²; Mayra Pacheco de SOUZA
2; Leopoldo Augusto MORAES2; Ruth Helena Falesi Palha de Moraes BITTENCOURT 3; Glaucia Raimunda de Oliveira dos SANTOS4.

1
Docente do Curso de Medicina Veterinária, UFRA Campus: Belém, Av: Perimetral Pass: Simião 285, Bairro:
Marco, CEP. 66095-620. Belém-Pará-Brasil. 
2
Docentes do curso de Medicina Veterinária, UFRA, Campus: Belém.
3
Médica Veterinária, Doutora, Professora do Instituto da Saúde e Produção Animal - UFRA.
4 Médica Veterinária, aluna do Curso de Pós- Graduação em Residência Médica Veterinária, UFRA


A utilização da via oral para administração de fármacos anestésicos, geralmente, é requerida para administração de medicação pré-anestésica, ou para apreender cães indóceis ou agressivos que não permitam qualquer aplicação parenteral. A quetamina é um fármaco dissociativo utilizado para fins de anestesia, com efeito hipnótico e características analgésicas, sendo rapidamente absorvida após administração intravenosa, intramuscular, intranasal, oral, retal e epidural (NATALINI, 2007; STEWART, 1999).

Administrada por via oral, a concentração plasmática máxima da quetamina é alcançada em aproximadamente 30 minutos, sendo necessárias doses superiores àquelas recomendadas pela via intramuscular e venosa, já que sofre efeito de primeira passagem e a sua absorção é menor.

Objetivando traçar uma estimativa em relação ao uso da quetamina de indicação parenteral, pela via oral (PO) em cães, visando verificar o efeito sedativo e analgésico deste fármaco administrado por esta via, bem como o comportamento dos parâmetros fisiológicos referentes as freqüências cardíaca, respiratória e temperatura retal, nessa espécie animal, o experimento foi realizado.

Foram utilizados dez cães (4 machos e 6 fêmeas), sem raça definida e idades variadas, classificados como ASA I, após exame clínico, sendo esses distribuídos aleatoriamente em
dois grupos, GI e G II, cada um composto por 5 cães. Todos os animais foram submetidos à restrição alimentar de 12 horas, e hídrica de 6 horas, e a dois tratamentos distintos com quetamina nas doses de 10 mg/kg e 20mg/kg, respectivamente, administradas através da via oral (PO). Foi utilizada a quetamina do laboratório Syntec, na concentração 100mg/mL.

O anestésico, depois de calculada a dose, foi administrado através de seringa de insulina, sem agulha, diretamente na cavidade oral dos animais, ou embebido na ingesta.

 Antecedendo a administração da quetamina, foram aferidos parâmetros referentes às freqüências cardíaca (FC), respiratória (FR) e temperatura retal (TR), momento identificado como M0, ato contínuo; após administração do fármaco, os animais eram observados quanto aos mesmos parâmetros, a cada 10 minutos até completar 60 minutos, momentos identificados como M1, M2, M3, M4, M5 e M6.

A analgesia foi avaliada durante os 60 minutos, sendo confirmada através da introdução de uma agulha hipodérmica no espaço interdigital do membro posterior direito, e registrada, por um único observador.

A sedação nos animais dos dois grupos iniciou, em média, aos 2 minutos após administração oral das doses de 10 e 20 mg/kg. O tempo de sedação nos animais pertencentes ao GI foi em média de 7 ± 4,52, enquanto que no G II, a sedação perdurou por 22 ± 7,22 minutos.

Nos animais pertencentes ao G I, um animal não apresentou alteração no comportamento após administração da quetamina PO; 40% apresentaram sedação de grau 2 e 40% grau 3, diferentemente, no G II, 20% apresentaram sedação de grau 1 e os demais (80%) a sedação foi de grau 3.

Quanto à analgesia, foi verificado que dos animais do G I, 60% apresentaram analgesia de grau 1 (mínima) somente aos 10 minutos, momento M1, após administração da quetamina e 20% apresentaram analgesia grau 2 (moderada) no M1, passando para grau 1 aos 20 minutos, em M2.

No G II, 20% manifestaram analgesia grau 1 em M1; 40% apresentaram analgesia grau 2 no M1, passando para graus 0 e 1 no M2; 20% em grau 3 no M1 passando para grau 1 em M2 e M3 e; 20% não apresentaram analgesia.

Quanto à análise da FC, FR e TR, foi verificado que as variações observadas, nos momentos avaliados da FC e TR, estatisticamente não foram significativos (p>0,05), diferente do que ocorreu com a FR, que se apresentou significativamente aumentada (p<0,05) em M1.

Nas condições em que foi desenvolvido o trabalho, pode-se concluir que a quetamina nas doses de 10mg/kg e 20mg/kg, administrada pela via oral, promove sedação e analgesia em graus variados, seguras, por curto período de tempo, sem ter colocado em risco a vida dos cães estudados, visto que, pequenas alterações nos parâmetros fisiológicos avaliados foram registradas, podendo sugerir sua utilização nas doses referidas, em cães agressivos e indóceis.






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